Restauração de afrescos
revela obra original do século XVIII em SP
Obra de igreja no centro da cidade é do padre
Jesuíno do Monte Carmelo, um talentoso pintor e compositor de música sacra.
Ernesto
Páglia São
Paulo, SP
Capela da
Venerável Ordem Terceira do Carmo está em São Paulo há quase 400 anos. Nela,
está sepultado o pai do bandeirante Fernão Dias. Nas poltronas, sentaram-se Dom
Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina.
“A Ordem
do Carmo abrangeu grandes famílias da época, a nobreza de São Paulo. As pessoas
vinham para fazer suas orações, vinham para
Em 1750,
a Ordem Terceira do Carmo contratou o talentoso artista. Padre Jesuíno do Monte
Carlo iluminou o forro com um céu dourado, onde reina Nossa Senhora da
Conceição. Em volta, anjos e personagens da tradição carmelita. São quase 400
metros quadrados de alta pintura.
Ao longo
do tempo, consertos e remendos colocaram até sete camadas de tinta por cima do
talento do padre. “Eram tentativas bem intencionadas, porém muito mal
sucedidas, de se resgatar a imagem. Resultado, a pintura estava completamente
descaracterizada e depreciada”, explica o restaurador Júlio de Moraes.
A
restauração demorou cinco anos. A ideia surgiu quase oito décadas antes. O
modernista Mário de Andrade se encantou com a arte do padre Jesuíno. Mulato
como o pintor, Mário enxergou no estilo de Jesuíno os primeiros traços de uma
arte genuinamente brasileira.
Numa
época de padrões europeus, padre Jesuíno dava um toque tropical às suas obras,
como na Igreja Nossa Senhora do Carmo, em Itu. Flores coloridas, anjinhos
modernos de cabelo enrolado e até um bispo com traços africanos.
“Ele dá
uma interpretação que tem um sentido. Aquela perspectiva que os modernistas
buscavam tanto, da origem da nacionalidade brasileira, na mestiçagem”, diz o
historiador do Iphan Carlos Cerqueira. Fonte: Globo.com
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