segunda-feira, 25 de junho de 2012

GASTRONOMIA


GASTRONOMIA

Gastronomia é um ramo que abrange a culinária, as bebidas, os materiais usados na alimentação, e em geral, todos os aspectos culturais a ela associados. Significa, portanto, a arte de preparar os alimentos de forma a proporcionar o maior prazer possível aos que os comem, e representa um requinte que teve formas diferentes nas várias fases da história dos povos. Por isso ela sempre está presente quando existe um aumento de riqueza e determinadas condições de cultura, constituindo, em conseqüência, uma das formas de satisfação da luxuria humana.

A alimentação passou por várias etapas ao longo do desenvolvimento humano, evoluindo do caçador nômade ao homem sedentário, que descobriu a importância da agricultura e da domesticação dos animais. A partir daí o prazer proporcionado pela comida transformou-se em um dos fatores mais importantes da vida, depois da alimentação de sobrevivência. A gastronomia nasceu desse prazer, e com ela o gastrônomo (gourmet, em francês), que tanto pode ser o profissional que trabalha na cozinha, como qualquer pessoa que se preocupe com o refinamento da alimentação, incluindo aí não só a sua preparação, mas também a forma de apresentação (por exemplo: o vestuário e a música ou dança que acompanham as refeições). Por essas razões a gastronomia tem um campo mais amplo que a culinária, que se ocupa mais especificamente das técnicas de confecção dos alimentos.

Banquetes são festas pomposas às quais comparece grande número de convidados. No Oriente, em tempos passados, dava-se a elas o nome de simpósios, cujo significado era o de reuniões onde os convidados bebiam em comum. Já entre os hebreus tais confraternizações recebiam o nome de michtê, que são citadas na Bíblia como reuniões realizadas durante festas religiosas ou destinadas a comemorar acontecimentos públicos. Os egípcios celebravam com banquetes o nascimento de um faraó, ao passo que gregos, romanos e etruscos os realizavam por ocasião de sacrifícios religiosos ou como evocação da memória de alguém.

Primitivamente, os que participavam de um banquete sentavam-se juntos para desfrutá-lo. Mais tarde, os convidados passaram a se acomodar em leitos próprios, onde escravos primeiramente lhes tiravam as sandálias, lavavam seus pés e untavam seus cabelos e barba com perfumes oleosos. Só depois eles saboreavam as refeições. Os banquetes romanos, inicialmente revestidos de certa simplicidade, copiaram aos poucos o luxo asiático e assumiram a forma faustosa das festividades orientais. Celebrados durante algum tempo no átrio, que era o vestíbulo das casas romanas, passaram depois para uma sala especial, o triclínio, guarnecida de leitos onde os convivas ficavam recostados durante a sobremesa, apreciando os tocadores de flauta, cantores e bailarinas que se apresentavam para distraí-los.

Nos textos sobre o antigo Egito costuma-se dizer que a música e a dança faziam parte do cotidiano daquele povo. Eles gostavam de vida social e de festas, e os mais abastados reuniam parentes e amigos em animados banquetes. Em tais ocasiões havia músicos, dançarinos, acrobatas e cantores profissionais de ambos os sexos para animar e distrair os convidados, não faltando nem comida, nem bebida. Taças de ouro e de prata e as mais lindas baixelas de alabastro e de cerâmica pintada eram postas em função; a sala da recepção era decorada com flores; pequenos cones de perfume colocados sobre as cabeças dos convivas exalavam aromas raros; harpas, flautas e gaitas inundavam o ambiente de melodia, fazendo com que todos se propusessem a passar um dia feliz.

Grandes apreciadores de bons pratos, os povos orientais antigos ensinaram aos gregos como aumentar a suntuosidade dos banquetes e estimular o desfrute inteligente dos prazeres da mesa. Os romanos também foram famosos por seus banquetes exuberantes, e entre seus diversos gourmets pode ser destacado um militar romano de nome Luculo (110 - 57 a.C), que adquiriu celebridade por sua riqueza e cujo nome passou a identificar o “indivíduo rico que oferece grandes banquetes”, dando origem, ainda, ao termo luculiano, com significado de “opulento, grandioso, em especial em se tratando de banquete”.

Durante o decorrer da Idade Média, século XIII, o que caracterizava um banquete era a abundância de comida. Nessa época a toalha não era colocada sobre a mesa, de sorte que os ossos permaneciam em cima desse móvel, no momento e depois das refeições. Não havendo talheres, tomava-se o alimento com os dedos para levá-lo à boca. No século XVI o luxo e a magnificência voltaram a influenciar essas festas, especialmente no que se refere às iguarias, em geral muito raras e custosas. Nos tempos modernos, os banquetes foram transformados em cerimônias que podem ser de natureza diplomática, política ou mesmo assumir o aspecto de homenagem prestada a alguém, por algum motivo.

Os finais de caçadas estafantes eram celebrados com grandes festins, procedimento esse que deu origem, durante o período da Renascença, à moderna gastronomia. Que, por sua vez, chegou ao auge na França de Luiz XV, dando notoriedade a verdadeiros artistas no preparo de pratos saborosos, como Bechamel, celebrado por um molho que criou, e a Vatel, cozinheiro do príncipe de Condé.

A França não tardou a se tornar um grande centro gastronômico. A união do rei Louis de França com a filha da Itália Catherine de Médici, considerada a rainha das panelas, foi o princípio de uma história de sucesso para a Gastronomia em solo francês. No ano de 1748 despontou neste país um gourmet – como é designado o cozinheiro na França – de imenso talento, Antoine Careme, que já aos 17 anos era contratado para ser o cozinheiro oficial do Palácio Champps-Elisée. Posteriormente, ele foi trabalhar com o imperador Alexandre da Áustria e depois serviu com seus talentos o Barão de Rothschild, o homem mais rico e poderoso da França. Em 1885 o maior cozinheiro do Planeta também era francês, August Scouffier, o qual criou um código relacionando todos os elementos gastronômicos essenciais para uma cozinha, o que contribuiu para um requinte sem igual na Gastronomia.

Na década de 60, Paul Bocuse, Gault Millan e Jean Michelli subverteram esta arte ao criarem a Nouvelle Cuisine Française. Há uma diferença fundamental entre a Gastronomia e a Culinária. O gastrônomo ou gourmet também cozinha, mas ele está igualmente atento à sofisticação dos pratos, preocupando-se em expor da melhor forma possível os alimentos preparados. Assim, ele observa as vestes, a música e a dança mais apropriadas para se aliar a determinadas refeições, transformando este momento em uma verdadeira cerimônia alimentar, não só voltada para a sobrevivência do Homem, mas principalmente para lhe despertar o máximo prazer. Hoje, a região do Mediterrâneo é a mais talentosa na criação de pratos sofisticados e bem produzidos, ocupando o topo na história da Gastronomia.

Um pouco adiante, já no século 18, a arte da cozinha tornou-se ainda mais elegante e requintada, destacando-se nesse período o magistrado e literato francês, Jean Anthelme Brillat-Savarin (1755-1826), autor do primeiro tratado sobre gastronomia, a “Fisiologia do Paladar”, obra que o tornou famoso entre seus contemporâneos de paladar exigente e apurado. Na verdade, o título completo desse livro, em francês, é “Physiologie du Goût, ou Méditations de Gastronomie Transcendante; ouvrage théorique, historique et à l'ordre du jour, dédié aux Gastronomes parisiens, par un Professeur, membre de plusieurs sociétés littéraires et savantes”, cuja tradução, em português poderia ser "Fisiologia do Paladar ou Meditações sobre a Gastronomia Transcendental, obra teórica, histórica e atual, dedicada aos gastrônomos parisienses, por um professor, membro de várias sociedades literárias e científicas". Por esta obra literária, a gastronomia pode ser considerada como uma ciência ou uma arte.

O prazer pela comida motivou Leonardo da Vinci a fundar com outro sócio, em Florença, o restaurante "A Marca das Três Rãs". E além dele, a gastronomia também despertou o interesse de outras personalidades também importantes, como o músico e compositor Rossini, ou de escritores como o português Camilo Castelo Branco, que mesmo sendo avesso a descrições não resistiu à tentação de colocar no papel a receita de um saboroso caldo verde. O mesmo aconteceu com o também português Eça de Queirós, que fez inúmeras menções a restaurantes em suas obras. O culto dos prazeres oferecidos pela mesa chegou a ponto de fazer com que seus aficionados se juntassem em associações gastronômicas, como a belga “Ordre des Agathopédes” em 1585, a francesa “Confrérie de la Jubilation” ou o português “Clube dos Makavenkos”, em 1884.

Muitas guerras tiveram como causa a tentativa de apropriação de recursos alimentares escassos, pois quem os dominava concentrava em suas mãos um poder maior de imposição. A par disso, a humanidade cedo se apercebeu das virtudes da associação de certas plantas aromáticas aos alimentos, para lhes dar mais sabor e melhorar sua conservação. A busca dessas especiarias fez surgir na Europa o tempo das grandes navegações e conseqüente descoberta de novas terras, cujo objetivo maior era o de controlar a rota percorrida pelas embarcações no transporte desses condimentos para o mercado do Velho Mundo.

O progresso da civilização proporcionou melhores condições aos procedimentos culinários, e a adaptação destes às novas técnicas e exigências faz com que a gastronomia vá deixando de ser, cada vez mais, uma arte aristocrática por excelência, sendo substituída por normas que permitem preparar os alimentos de modo saudável e agradável, proporcionando prazer e satisfação a um número sempre crescente de pessoas..
Bibliografia  LEAL,M.L.de M.S. A história da gastronomia, Rio de Janeiro: SENAC, 1998.
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O Pelicano


Pelicano


A LENDA DO PELICANO
Conta uma lenda medieval que um pelicano saiu de seu ninho em busca de comida para os seus recém-nascidos filhotes. Não notou que por perto se escondia um predador, só esperando a sua ausência para atacar o ninho.
Mal o pelicano desapareceu no horizonte, o danado atacou os coitadinhos, que ainda não tinham aprendido a voar e nem a se defender.
O predador devorou a todos, só deixando como sobra as pequeninas ossadas com as penas que mal começavam a despontar.
Quando o pelicano voltou ao ninho viu a tragédia que ocorrera. Atirando-se sobre os corpos dos filhos chorou horas e horas, até que suas lágrimas secaram.
Sem mais lágrimas para chorar pelos filhos mortos, começou a bicar o próprio peito, fazendo verter sobre o corpo dos pequeninos o sangue que jorrava dos ferimentos que ele mesmo provocara com aquela mutilação.
No seu desespero não percebeu que as gotas do seu sangue, pouco a pouco iam reconstituindo a vida dos seus filhos mortos. E assim, com o sangue do seu sacrifício e as provas do seu amor, a sua família ressuscitara.
SÍMBOLO DE AMOR E SACRIFÍCIO
Provavelmente foi a partir dessa lenda que o pelicano se tornou um símbolo de amor e sacrifício. Durante a Idade Média eram vários os contos e tradições em que esse pássaro aparecia como representação da piedade, do sacrifício e da dedicação á família e ao grupo ao qual se pertencia. Essa terá sido também, a razão de os cátaros, os rosa-cruzes, os alquimistas e outros grupos de orientação mística o terem adotado em suas simbologias.
Para os alquimistas o pelicano era um símbolo da regeneração. Alguns operadores alquímicos chegaram inclusive a fabricar seus atanores ― vasos em que concentravam a matéria prima da Obra ― com capitéis que imitavam um pelicano com suas asas abertas. Tratava-se de captar, pela imitação iconográfica, a mesma mágica operatória que a ave possuía, ou seja, aquela capaz de regenerar, com seu próprio sangue, os filhotes mortos.
Os rosa-cruzes em sua origem, em sua maioria eram alquimistas. Daí o fato de terem adotado o pelicano como símbolo da capacidade de regeneração química da matéria não é estranho. E é compreensível também que em suas imaginosas alegorias eles tenham associado essa simbologia com aquela referente ao sacrifício de Cristo, cujo sangue derramado sobre a cruz era tido como instrumento de regeneração dos espíritos, medida essa, necessária para a salvação da humanidade. Daí o pelicano tornar-se também um símbolo cristão, representativo das virtudes retificadoras do cristianismo, da mesma forma que a rosa mística e a fênix que renasce das cinzas.
                                    
OS CÁTAROS
Porém, quem mais contribuiu para que o pelicano se tornasse um símbolo místico por excelência foram os cátaros. Os sacerdotes dessa seita, que entre os séculos XI e XII se tornaram os principais opositores da Igreja Católica na Europa, chamavam a si mesmos de “popelicans”, termo de gíria francesa formado pela contração da palavra Pope (papa) com pelican (pelicano). Significa, literalmente, “pais pelicanos”, numa contra facção com os sacerdotes da Igreja Católica que eram considerados os predadores da lenda (no caso uma serpente, como conta Leonardo da Vinci em sua versão da lenda.**
De certa forma, os cátaros, com suas tradições místicas e iniciáticas, se tornaram irmãos espirituais dos templários e antecessores dos rosa-cruzes e dos maçons. Condenados pela Igreja Romana por suas ideias e práticas heréticas, eles foram exterminados numa violenta cruzada contra eles movida pela Igreja em meados do século XIII.***
Os cátaros chamavam a si mesmos de filhos nascidos do sacrifício de Jesus. Eles diziam possuir o verdadeiro segredo da vida, paixão e morte de Jesus, que para eles não havia ocorrido da forma como os Evangelhos canônicos divulgavam. Na verdade, eles não acreditavam na divindade de Jesus nem na sua ressurreição, mas tomavam tudo como uma grande alegoria na qual a prática do exemplo de Cristo era a verdadeira medicina da ressurreição. E dessa forma eles a praticavam, sacrificando a si mesmos em prol da coletividade a qual serviam. Dai serem eles mesmos “popelicans”.****
O CAVALEIRO DO PELICANO
A Maçonaria adotou a lenda do pelicano por influência das tradições rosa-cruzes que o seu ritual incorporou. Por isso é que encontraremos, no grau 18, grau rosa-cruz por excelência, o pelicano como um dos seus símbolos fundamentais. O próprio título designativo desse grau é o de Cavaleiro do Pelicano ou Cavaleiro Rosa-Cruz.
O Simbolismo do pelicano é uma alegoria que integra, ao mesmo tempo, a beleza poética da lenda, o apelo emocional do mistério alquímico e o romanticismo do sacrifício feito em nome do amor. Tanto o Cristo quanto a amorosa vertem seu sangue para que seus filhos possam sobreviver. José de Alencar, grande expressão do romanticismo brasileiro utilizou esse tema em um de seus mais conhecidos trabalhos, o poema épico Iracema. Nesse singelo poema a índia Iracema, sem leite em seus seios para alimentar Moacir, o filho natureza dos seus amores com o português Martim, rasga o próprio seio e o alimenta com seu sangue. Assim, o filho da aborígene com o colonizador torna-se o protótipo do homem que iria povoar o novo mundo, a “nova utopia”, a civilização renascida, fruto da interação da velha com a nova civilização. Seriam esses “filhos renascidos” do sacrifício da sua mãe que iriam, na visão do escritor cearense, mostrar ao mundo uma nova forma de viver.
Tudo bem maçônico. A propósito, José de Alencar também era maçom.
 Captura, formatação e distribuição: Domingos de Oliveira Prado

Expressões Curiosas na Língua Portuguesa


EXPRESSÕES CURIOSAS NA LÍNGUA PORTUGUESA

JURAR DE PÉS JUNTOS:
Mãe, eu juro de pés juntos que não fui eu. A expressão surgiu através das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado pra dizer nada além da verdade. Até hoje o termo é usado pra expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz.
MOTORISTA BARBEIRO:
Nossa, que cara mais barbeiro! No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam calos, etc., e por não serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam marcas. A partir daí, desde o século XV, todo serviço mal feito era atribuído ao barbeiro, pela expressão "coisa de barbeiro". Esse termo veio de Portugal, contudo a associação de "motorista barbeiro", ou seja, um mau motorista é tipicamente brasileira.
TIRAR O CAVALO DA CHUVA:
Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje! No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: "pode tirar o cavalo da chuva". Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.
de maneira copiosa. A origem do dito é atribuída às qualidades de argumentador do jurista alagoano Gumercindo Bessa, advogado dos acreanos que não queriam que o Território do Acre fosse incorporado ao Estado do Amazonas.
DAR COM OS BURROS N'ÁGUA:
A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado pra se referir a alguém que faz um grande esforço pra conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.
GUARDAR A SETE CHAVES:
No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de joias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a época das religiões primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo "guardar a sete chaves" pra designar algo muito bem guardado..
OK:
A expressão inglesa "OK" (okay), que é mundialmente conhecida pra significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, no EUA. Durante a guerra, quando os soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa "0 killed" (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o termo "OK"
ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:
Existe uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A partir daí surgiu à expressão, usada pra designar um lugar distante, desconhecido e inacessível.
PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA:
A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou se lamentando e pensando na morte da bezerra. Após alguns meses o garoto morreu.
PARA INGLÊS VER:
A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim, essas leis eram criadas apenas "pra inglês ver". Daí surgiu o termo.
RASGAR SEDA:
A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena. Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão pra cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: "Não rasgue a seda, que se esfiapa".
O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER:
Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos pra Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou pra história como o cego que não quis ver.
ANDA À TOA:
Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está à toa é o que não tem leme nem rumo, indo pra onde o navio que o reboca determinar.
QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO:
Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia quem não tem cão caça como gato, ou seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.
DA PÁ VIRADA:
A origem do ditado é em relação ao instrumento, a pá. Quando a pá está virada pra baixo, voltada pro solo, está inútil, abandonada decorrentemente pelo Homem vagabundo, irresponsável, parasita.
NHENHENHÉM:
Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os indígenas não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer "nhen-nhen-nhen".
VAI TOMAR BANHO:
Em "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene dos índios versus os do colonizador português. Depois das Cruzadas, como corolário dos contatos comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de árvore pra limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam. Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas com frequência e raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos índios. Então os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem "tomar banho".
ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM:
Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século XVIII. Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português... O capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como resposta, ouviu do português a seguinte frase: "Vocês que são pardos, que se entendam". O oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil. Ao tomar conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o oficial português que estranhou a atitude do vice-rei. Mas, dom Luís se explicou: Nós somos brancos, cá nos entendemos.
A DAR COM O PAU :
O substantivo "pau" figura em várias expressões brasileiras. Esta expressão teve origem nos navios negreiros. Os negros capturados preferiam morrer durante a travessia e, pra isso, deixavam de comer. Então, criou-se o "pau de comer" que era atravessado na boca dos escravos e os marinheiros jogavam sapa e angu pro estômago dos infelizes, a dar com o pau. O povo incorporou a expressão.
ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA:
Um de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino Ovídio ( 43 a .C.-18 d.C), autor de célebres livros como "A arte de amar "e Metamorfoses", que foi exilado sem que soubesse o motivo. Escreveu o poeta: ?A água mole cava a pedra dura". É tradição das culturas dos países em que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de frase pra que sua memorização seja facilitada. Foi o que fizeram com o provérbio, portugueses e brasileiros.

Captura formatação e distribuição: Domingos de Oliveira Prado