quarta-feira, 27 de maio de 2009

AS PRIMEIRAS ESCOLAS DE UNIÃO

No final do século XIX e início do século XX, havia somente duas escolas na pequena União. Uma era a escola da professora Mocinha Medeiros (Filomena Medeiros) e a outra era do Professor Juazeiro (Fernando Juazeiro). Ambas recomendáveis.

Naquela época, o ensino era de um primarismo pedagógico de fazer pena. Aprendia-se de oitiva, cantando-se a tabuada, num alarido insuportável. Usava-se como instrumento educativo a palmatória. Os bolos eram dados pelo professor a cada erro praticado pelo aluno desatento ou incapaz. Quando se tratava de indisciplina ou má ação, esse castigo assumia proporções humilhantes. Havia também nas sabatinas a aplicação de bolo pelos próprios alunos. Isso mesmo, a palmatória passava de mão em mão e usava-a contra o colega aquele que o corrigisse do erro.

Assim, naquela época, a escola não era lugar que os meninos desejavam conhecer. Naquele tempo, não havia o jardim de infância e ignorava-se a escola ativa. E os castigos morais eram vexatórios. Por não saber a lição, a criança estava sujeita a usar perante a classe enormes orelhas de burro ou ficar de rosto colado à parede, imóvel, durante o tempo que o professor achasse necessário. Na escola de Dona Mocinha isto não ocorria. Mas na escola do Professor Juazeiro acontecia.

A escola de Dona Mocinha ocupava uma ampla sala, ao fundo da qual havia um grande quadro-negro, ladeado pelas mesas das professoras. Dona Mocinha, que era a doçura em pessoa, tinha uma auxiliar, bastante nova, a professora Argemira, mulher de extraordinária paciência, principalmente com os meninos que iam à escola pela primeira vez. Era ela quem ensinava o abc. Foi Dona Mocinha quem alfabetizou Jorge de Lima e Povina Cavalcanti.
A escola do Professor Fernando Juazeiro era a preferida pelos pais de meninos insubordinados e lá a palmatória funcionava com mais freqüência e ardor.

Fonte: Volta à Infância - Memórias, Rio de Janeiro, Editora José Olympio, INL, 1972. Cavalcanti, Carlos Povina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário